No dia 12 de março de 2020 o Instituto Federal de Mato Grosso - IFMT Várzea Campus Grande proporcionou a primeira ação do Projeto Day IFMT, desenvolvido para homenagear a ex-estudante do Curso de Gestão Pública, Dayane Mendonça Comunello, assassinada em dezembro do ano passado. A mesa-redonda "Violência contra a mulher - Como ajudar?", contou com a participação da psicóloga Forense, Kátia Simone Araújo Silva, das advogadas OAB, Flavia Peterson Moretti e Carolina Mendes Mansor, e da Guarda Municipal, Sirlei Araújo de Farias.
Esta primeira ação, composta também por mural de fotos e camisetas, foi organizada pelo Projeto #EducarParaProteger, criado pelas estudantes do 4º semestre de Gestão Pública. Débora Abitbol, representante dos discentes no colegiado de Gestão Pública, explicou que a ideia do projeto surgiu com a aluna Jumara, que pediu sua ajuda e, juntas com outras estudantes do 4º semestre, se mobilizaram para criar o evento. Segundo Débora, o tema do projeto é educar para proteger e tem o objetivo de disseminar políticas públicas e projetos já existentes para onde houver necessidade.
"Ela [Jumara] pesquisou formas de combater o feminicídio, de protestos e, ao mesmo tempo tinha a ideia de, como era o mês de março, atrelar a questão do mês da mulher, fazer uma homenagem pra [sic] Day e a gente falar sobre o assunto para começar a quebrar o tabu e aí a gente foi percebendo que existem outras pessoas em outros locais da cidade que estão fazendo este mesmo trabalho", explicou Débora.
Segundo a estudante, Jumara de Oliveira, "infelizmente, no dia 31/12, a gente ficou sabendo de uma morte trágica de uma aluna [...], e aí a gente resolveu fazer o projeto #EducarParaProteger, não só esperar acontecer para poder fazer alguma coisa, porque às vezes pode ser tarde demais". "Então a gente resolveu fazer esse projeto, uma palestra, mostrando que a mulher tem rumos a seguir, que ela não depende somente do homem, que ela tem uma casa de apoio, porque às vezes ela acha que vai receber somente uma medida protetiva, e tudo certo, e não vai resolver de nada, porque até o próprio agressor já fala isso pra ela: 'o que que um papel vai fazer? nada!'. A gente optou por fazer essa rodada de palestras, de discutir mesmo, para que as pessoas que participassem da palestra se envolvessem".
"Foi muito gratificante ver que foi diferenciado, que teve pessoas que gostaram muito". A ideia de fazer a mesa-redonda, explicou Jumara, foi porque nas palestras só o palestrante fala e, nesse formato, várias pessoas acabam se sentindo mais à vontade para falar e perguntar. Segundo a estudante, "a nossa intenção com essa atividade foi mostrar que a mulher não está sozinha, que ela tem pra onde correr, que não é vergonha ela pedir ajuda, que tem pessoas que podem apoiá-la sim".
Para Flavia Petersen Moretti, "foi um momento muito emocionante por parte de todos os alunos que estavam ali por uma situação do Projeto Day, que é referente ao assassinato da Dayane, a ex-aluna do IFMT, e a OAB se sentiu muito honrada de participar desse projeto, que concilia com o projeto da OAB-VG, que é o "Março sempre Mulher", justamente para conscientizar e ensinar e educar e despertar o porquê que devemos combater a violência doméstica e familiar contra a mulher". Segundo Flavia, que é Presidente da OAB-VG , "é muito importante essas iniciativas por parte dos educadores e gestores da educação porque é aí que a gente consegue chegar nas casas, nos lares de cada um da nossa sociedade".
Segundo Carolina Mendes Mansor, Presidente da Comissão de Direito da Mulher, "por meio da palestra, estudantes e professores tiveram a oportunidade de saber reconhecer os sinais da violência doméstica, quem pode ser os autores e as vítimas das agressões, as modalidades e o que fazer ao ser detectada a violência doméstica e familiar". Todos e todas puderam, ainda, "conhecer os canais e formas de efetuar as denúncias e os benefícios que podem advir do registro da ocorrência, como por exemplo, apoio de toda a rede de enfrentamento à violência doméstica existente no município de Várzea Grande", explicou. "Todas as dúvidas que foram levantadas durante a palestra foram esclarecidas de forma a incentivar as denúncias contra a violência sofridas por si ou por terceiros, a fim de que as vítimas possam ser acolhidas dentro de programas de políticas públicas desenvolvidos para que o histórico de agressões sejam interrompidos", finalizou Carolina.
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